domingo, 25 de novembro de 2012

Pequenas situações

No Supermercado:

- Bonjour, Je voudrais un midi-kilo de faux filet

O rapaz franze a testa e eu repito a frase. 

- Je voudrais un midi-kilo de faux filet

ele:
- un demi-kilo ?

Olho pra ele e ambos começamos a rir ...



Midi: Meio-dia
Demi-kilo : Meio quilo 

Meio-dia de carne talvez seja carne demais. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

1 ano



Dia 21 de novembro de 2011 desembarcamos em território francês, e lá se foram 1 ano. E nesse ano várias coisas aconteceram: muito mais por dentro que por fora de mim. Logo que cheguei tive alguns meses de  puro encantamento, eu queria conhecer tudo e me emocionava com todos os detalhes,  depois as coisas foram ficando um tanto monótonas, e agora estou em nova fase.

Nem preciso dizer das inúmeras dificuldades que passamos, renovar o visto foi uma das grandes, maratona a qual ainda não terminou, pois dei entrada há 2 meses e ainda não recebi a convocação pra ir buscá-lo, assim que estiver com ele em mãos, escrevo sobre isso. Aprender a língua continua sendo um aprendizado diário, nem sei se no final dos 3 anos poderei dizer que tenho domínio total da língua, espero que sim. Lugares, pessoas, bons momentos, em um ano muita coisa acontece. Que bom que acontece!  Mas a vontade de voltar não muda, gosto de pensar nisso como uma experiência temporária. 
Disse há um mês atrás que por mim  voltava a qualquer momento, sinto falta sinto muita falta de estar com pessoas que realmente me conhecem, e esse primeiros passos das novas amizades não é meu momento preferido, pois tudo é novo e frágil, até você ter e ganhar confiança e se sentir confortável demora um tempinho, pelo menos pra mim. Mas estou sempre tentando construir novos amigos, conhecer novos gostos e pensamentos são muito bem vindos.
Ainda me restam 2 anos e espero aproveitá-los da melhor forma possível, no momento os estudo do "Master" é meu assunto principal, de volta aos estudos, sabia bem que não seria fácil ... fazer mestrado em outra língua, é uma nova experiência, e a dificuldade maior nem está na mudança da língua, mas na Estatística, o meu principal desafio de agora, nada parecido com a Bioestatística que fiz na graduação, algo com muitas integrais, derivadas e milhares de letras gregas. Ela agora é meu próximo desafio a ser superado. 
E nisso a vida continua seguindo... as folhinhas amarelas do outono, ocupando grande parte das calçadas, mostram que mais uma estação vai embora e os enfeites de Natal iluminam mais um fim de ano.





sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Chateaux



No mês passado recebi a visita  um casal de amigos de Aracaju. Foram dias ótimos de boas conversas e ótimos passeios, como não pude acompanhá-los em todos os passeios fiz um kit de sobrevivência em Paris: Um guia de passeios a pé, mapas e um chip de celular, não precisou de mais de um dia pros meus visitantes ficassem completamente familiarizados com as linhas de metrô e conseguissem passear sem preocupação por todos os cantos. E também constataram que a história que não pode falar inglês em Paris, não passa de um grande mito, se souber as palavras mágicas em Francês Bonjour, Merci, Pardon (excuse-moi) ...
No fim de semana fizemos dois ótimos passeios, visitamos dois castelos diferentes, o tradicional Chatêau de Versailles (que pra admiração geral, mesmo morando há quase um ano aqui eu não conhecia) e o encantador e não tão conhecido ,Château de Chantilly.

Toda a opulência de um dos maiores castelos do mundo, realmente impressiona. O legal desses ambientes é que a gente acaba respirando história, saber que parte da história da revolução francesa passou por ali, o qual foi tomado pelos alemães com a derrota da guerra franco-prussiana e onde ocorreu a conferência de paz de Paris após a primeira guerra.
A beleza do imenso jardim é indescritível, tudo muito bem planejado por inúmeros paisagistas que torna cada canto uma verdadeira obra de arte.


No dia seguinte fomos no Chatêau de Chantilly que foi um dos lugares mais lindos que visitei, um clima bucólico toma conta do lugar. Com um amplo jardim e um enorme bosque que faz qualquer tarde extremamente agradável. E uma das principais qualidades do lugar, como ele não é de fácil acesso, não há aquele mar de turistas que encontramos em todos monumentos turísticos de Paris e arredores.

 





Outra curiosidade do lugar é que o Creme de Chantilly foi batizado assim , em homenagem ao lugar, criado por um grande chef da época, chamado Vatel. que pelo que eu entendi era um grande "promoter" de festas da época, responsável por toda a organização de festas do Palácio, nessa época ele servia ao "Grand Condé".



 delicioso Chantilly


Um lugar extremamente encantador, e o outono seu toque na beleza desses imensos jardins , tanto em versalles como em Chantilly, deixando as arvores com a variação de cores amarelo-amarronzadas oq dá um toque especial a paisagem.




segunda-feira, 1 de outubro de 2012

De volta

Depois de tanto tempo sem postar, estou de volta. Daqui a pouco faz 1 ano que cheguei à França, e agora começa uma nova fase por aqui. Nesse tempo sem escrever várias coisas aconteceram , fui aceita no mestrado de Saúde Pública, passei um longo período no Brasil e o verão já passou e já deu lugar pro outono.
O ano letivo começa agora por aqui, depois das férias de verão as pessoas retornam em setembro/outubro as suas funções, não presenciei o deserto que a cidade virou nesse período, pois eu , assim como a grande maioria da população de Orsay estava viajando.
E de pouco a pouco começo uma nova rotina, começo pelo retorno as aulas de Francês, na semana seguinte com as aulas do mestrado e no momento estou em busca de um novo esporte, é... resolvi sair do boxe, porque por aqui as coisas são levadas muito a sério, e como tava acostumada com os treinos no brasil, que é só pra perder calorias , sem combate de verdade e quando fui pro combate não gostei muito de apanhar.
Agora estou me preparando pros novos desafios dessa nova jornada...

Ps: Também escrevi um post pro blog Cachaceiras, sobre as cervejas da Bélgica : As cervejas da Bélgica - por Camila Corrêa

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Festa Brasileira

Na minha viagem à Lille esse mês, para comemorar o aniversário da minha amiga, fomos a uma festa brasileira. No início teve um documentário sobre Lampião e em seguida uma apresentação de uma banda de choro e algumas apresentações de dança. Diria que menos de um terço das pessoas presentes eram brasileiras, mas a grande maioria eram pessoas admiradoras do Brasil, não sei se por ser exótico ou por realmente conhecer e gostar da nossa cultura.
Banda "Choro Braseiro"
Sempre recebo um sorriso quando digo que sou brasileira, e depois vem uma frase relativa a algum cantor, as cidades que a pessoa conhece ou gostaria de conhecer no Brasil, ou qualquer referência ao futebol. E essa  festa parecia ilustrar bem tudo isso.
O documentário, feito por franceses, sobre Lampião foi bem interessante, mesmo sendo bastante amador e pra quem não falava português as legendas não conseguiam traduzir realmente o que aquelas pessoas simples com linguagem extremamente regional diziam. Em seguida, a banda " Choro braseiro" foi ótima , mostrando o que nossa boa música tem pra oferecer, a banda é composta por três brasileiros e dois franceses, cantando músicas que nunca envelhecem. Uma delícia escutar a Aquarela do Brasil, flor de lis entre outras tantas que sempre me emocionam.

Em seguida começaram algumas apresentações de dança, frevo , forró, axé e tudo mais. E nessa hora comecei a ficar incomodada, talvez por achar tudo muito caricato. Ao assistir a apresentação de uma dançarina , ao som da música de Daniela Mercury que diz " a cor dessa cidade sou eu..." , que requebrava até o chão e passava a música toda parecendo dançar "na boquinha da garrafa". Aquilo não me agradou, mas pareceu agradar as outras pessoas, escutei de outro brasileiro que aquilo parecia show de calouros.
     Parei pra pensar porque aquilo tinha me incomodado tanto, talvez por querer que só as coisas que eu acho que vale a pena seja vista por lado de fora, pelo mesmo motivo que me incomodo que Michel Teló e Gustavo Lima façam tanto sucesso por aqui. E me dei conta que aquilo também fazia parte da nossa cultura, e mesmo sem gostar as outras pessoas gostam. Representar uma cultura tão grande como a nossa, sem ser caricato e pontual é impossível.  Ver brasileiros fazendo música boa no exterior me alegra, saber que além de Michel Teló eles conhecem Chico Buarque, Lenine e outros tantos me deixa muito feliz.
      E assim quando me perguntam "Como os franceses são?" nunca consigo responder, pois são pessoas muito diferentes umas das outras,  fazem, gostam e se comportam de maneiras diferentes, que escutam de hip hop a jazz. Imagine quando falamos de um País do tamanho do Brasil, país que tem o tamanho de quinze Franças. O Brasil é tudo isso mesmo e muito mais.


sábado, 26 de maio de 2012

Ser Chique

Não gosto muito desse termo, ser chique, na minha cabeça sempre esteve associado a algo esnobe e desnecessário. Nunca estive por dentro da moda e conheço o básico da etiqueta. Mas depois da mudança esse termo é sempre citado pra minha pessoa. Acredite, não tem nada de chique  em morar em outro país!
Talvez exista esse pensamento pois as pessoas que não atravessaram o oceano acabam idealizando e fantasiando, eu mesma fiz isso. O interessante é a experiência, conhecer novos lugares e culturas. É interessante e divertido, mas nada de chique. A vida muda mas fica exatamente igual, os afazeres domésticos são os mesmos em qualquer lugar.
E quanto as viagens, antes quando eu ia pra Maceió, que fica a aproximadamente 300 km de Aracaju, nunca tinha escutado que escutado o quanto eu era chique. E só foi eu dar um pulo em Bruxellas, que também fica a quase 300 km de onde eu moro agora, escutei varias vezes o quanto era chique.
Viver de bolsa não é chique, nem morar num apartamento de 50 m², lavar pratos e roupas ou qualquer outra coisa que faça parte da rotina de qualquer pessoa que não tenha empregada, nem viver longe de amigos e família. Isso não é uma reclamação, apenas uma constatação.
E realmente continuo fazendo questão de não ser chique... Continuo mais ainda por fora da moda, e tenho a impressão que as pessoas normais por aqui também não se ligam muito nela, isso me deixa extremamente confortável. Talvez ainda tenha que aprender algumas coisas de etiqueta pra oferecer jantares ou algo assim. Mas por enquanto sigo sem me sentir chique e gostando disso.



"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Disneyland

Nunca fui muito fã de parques, mas sempre fui fã da Disney. Desse modo, o park da Disney em Paris já estava na minha lista esperando a oportunidade, e com a promoção de aniversário, onde o aniversariante não paga e nesse cado o aniversariante era Jânio.
Como são dois parques: O parc Disneyland e O parc Walt Disney Studios. Escolhemos um pra ir agora e o outro ficaria pra junho, no meu aniversário. Então fomos pro Walt Disney Studios, no caso era o menor parque, mas só soubemos disso depois. Mas me pareceu uma boa ideia começar do menor, pois o encantamento fica em ordem crescente.
Passar um dia no parque é um dia que se tira com um único objetivo: se divertir. Então melhor não se estressar com as longas filas ou com os preços altos das comidas. E meu objetivo foi realmente alcançado, andar de montanha russa, ver a maioria das atrações e me dar meu direito de me encantar e voltar a ser criança. Claro, que preferi não enfrentar algumas filas, como pra tirar foto com o Mickey ou com o Pateta.
E lá fomos nós pra Torre do Terror, Montanha russa do Aerosmith, Entramos na corrente Sul do Pacífico com o Crush do nemo e há tempos não tinha injetado tanta adrenalina na veia.
Foi um dia muito agradável, cheguei em casa exausta mas feliz como qualquer criança que tinha passado o dia no parque com seus personagens e filmes favoritos. E em junho tem a segunda parte, com direito ao castelo da bela adormecida e o barco do Piratas do Caribe,








segunda-feira, 23 de abril de 2012

Flanando

Sabe qual é minha principal dica pra quem vem à Paris? Ande. Mesmo que a viagem seja curta, não cometa o erro de pular de um ponto turístico pra outro. Faça o máximo do percurso que puder a pé, deixe Paris te impressionar devagar, todos os cantinhos não famosos. Em vez de ir direto à torre Eiffel, deixe ela te achar.
Quando não segui esse meu conselho ao apresentar ela, pulamos de um ponto turístico ao outro de metrô e me dei conta como tínhamos perdido tempo, aqueles 15 ou 20 minutos podiam ter sido melhores aproveitados, se em vez no subsolo, estivéssemos vagando pelas ruas e nos encantando com os detalhes, como a bela cidade nunca cansa de se mostrar a cada novo ângulo.
Desde que comecei a ler textos sobre paris, percebi que o verbo "flanar" aparece em vários e não é por acaso.     "Flanar" segundo o dicionário significa: v.i. Passear ociosamente, sem objetivo ou direção certa: saiu sem rumo, flanando. 
Então acredito, se a viagem for curta dá pra fazer alguns trajetos menos aleatórios que permita , explorar a cidade e conhecer os pontos turísticos ao mesmo tempo. Mas se a viagem for um pouco mais longa acredito que valha a pena se deixar perder e se achar por Paris.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Printemps

Lá se foi o inverno, mesmo gostando dele, já estava na hora. Chegou uma hora que o inverno passou a ser incomodo. Antes os lindos casacos que deixavam as pessoas mais chiques, ficaram um tantos pesados, e o ritual de armamento para sair de casa, com várias camadas de roupas, extremamente desagradável. E como passe de mágica, as temperaturas começam a subir e os dias começaram a ficar menos curtos.

As flores começam a enfeitar e colorir as paisagens. Pequenos pontinhos coloridos em toda paisagem, mesmo nas árvores sem folhas ou na paisagem ainda amarronzada. E junto com a transformação da paisagem, as pessoas também se tornam mais coloridas, os casacos começam a ser abertos e as cores das roupas além dos tons sóbrios dos casacos de inverno aparecem. Vejo mais sorrisos pelas ruas, o humor das pessoas muda junto com a estação e os gramados começam a ser habitados por pessoas expostas ao sol. 
E a mudança de estação começa a fazer sentido. Como antes, em Aracaju, só tinha a mudação de calor pra mais calor ou calor com chuva. Consigo observar essas mudanças sutis da paisagem que mesmo estudando lá no primário, se torna mais fácil de compreender. E agora posso confirmar que a primavera é minha estação preferida, ela vem pra salvar e colorir o tedioso  inverno e esquentar a alma pro verão (esse que espero não ser tão infernal quanto eu imagino).

Seja bem-vinda primavera!






sábado, 17 de março de 2012

Impressões sobre a Bélgica

Demorou, mas vim aqui falar um pouquinho da nossa viagem pra Bélgica. Não pretendo dar dicas de viagens, já que tem vários blogs que fazem isso muito bem. Talvez se não tivéssemos um amigo por lá, a Bélgica nem estivesse na nossa lista de países a conhecer, mas pelas felizes coincidências da vida ela foi o primeiro a ser visitado.
Quando finalmente descobrimos que não faltava mais nada pra virmos morar por aqui, soubemos que Thales, um amigo que se formou com Jânio, Estava vindo fazer o doutorado também pela Europa, na Bélgica mais especificamente. Apesar de termos sido muito próximos durante a graduação deles, depois cada um seguiu pra um estado diferente e os contatos foram ficando mais esparsos. E essa coincidência de termos embarcado na mesma semana fez com que enfrentássemos dificuldades parecidas, e fez com que nos reaproximarmos novamente. 
Acho que quando conseguimos associar conhecer novos lugares e visitar pessoas, a viagem fica muito mais interessante.Quando fiz a programação da viagem os tópicos principais eram: Cervejas e chocolates. Tinha que verificar se essa fama de "melhor do mundo" realmente tinha sentido. Descobri que as batatas fritas também eram "as melhores do mundo". Mas a única fama que me fez sentido foi a da cerveja. Não que a batata frita seja ruim, na verdade eu não sei o que é uma batata frita ruim, ela só não me pareceu diferente das que eu comia na beira da praia ou em qualquer outro lugar. E os chocolates apesar de serem bons, não me fizeram flutuar ou coisa parecida, como eu achava que fariam.

As cidades que visitamos além de Bruxelas, onde estávamos instalados, Bruges e Gent. Bruxelas é linda, ela mistura a arquitetura moderna com as antigas de uma forma bem interessante, e uma das coisas que achei muito interessante são as intervenções de desenhos nas faixadas e muros das casas. O que nos surpreende a cada virada de esquina. 


















Brugges e Gent são cidades lindas, ambas cortadas por canais, o que deixam as cidades um tanto românticas. Brugges (no link, mais fotos de brugges) é uma cidade sem grandes ruas e com um clima bastante aconchegante. Já Gent (no link, mais fotos de Gent) tem ruas maiores e um ar um tanto medieval. Ambas com suas particularidades são extremamente encantadoras.

Brugges

Gent


Foram 5 dias em belos lugares, museus interessantes e boa cerveja. E tudo isso em ótima companhia, o que fez matar um pouco a saudade dos bate-papos amigáveis regados de risadas, que ficaram um pouco extintos desde que atravessei o oceano. Só posso agradecer a Thales e Marcela pela viagem maravilhosa, pena que o doutorado sanduíche já está acabando e já já eles voltam ao Brasil.





terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Visão cinematográfica

Umas das coisas que sempre me deixa encantada por Paris é poder estar constantemente em cenários de filme. Da primeira vez que estive em Paris senti uma emoção por me ver no cenário de um filme que eu tinha visto recentemente, o "meia noite em Paris". Nunca saberei explicar como é essa sensação, é como se uma coisa que era tão distante anteriormente, agora se encontra diante dos seus olhos.
 Me deparei novamente com essa sensação. Chegando o Oscar, me dei conta que tinha assistido só  dois dos filmes indicados. E tive uma agradável noite assistindo três dos indicados: Hugo Cabret, O Artista e Dama de Ferro. Gosto de fazer isso pra ter minha opinião e acompanhar a premiação com alguma torcida. E esse ano, diferentes dos outros concordei com grande parte dos prêmios (menos o de melhor música original) mas não é sobre isso que pretendia falar por aqui, minha capacidade de mudar de assunto sempre faz eu discorrer e passear por assuntos diversos.

 Depois do trem atrasar e nosso planejamento de passeio dominical não ter dado certo, resolvemos fazer o que melhor se faz em Paris: Flanar (no dicionário: v.i Passear ociosamente, sem objetivo ou direção certa: saiu sem rumo, flanando.)e quando percebemos estávamos em frente ao Cemitério do Montparnasse, entramos e durante a caminhada me dei conta que aquele cenário fazia do filme que tinha assistido no dia anterior, Hugo Cabret, e aquela sensação gostosa e observar Paris pelos olhos cinematográficos e depois com meus próprios olhos voltaram.
Infelizmente a estação onde o pequeno Hugo mora,  mesmo existindo, não se encontra do mesmo jeito. Ao invés daquele cenário antigo, hoje existe uma grande estação toda de vidro, que ao meus olhos , mesmo sendo muito bonita , não combina com a Paris que eu gosto de enxergar. Uma Paris de certo modo intocável pelo tempo.














Mesmo sendo só coadjuvante, ela sempre dá um toque especial nos filmes. Acho que ela merecesse um Oscar de melhor coadjuvante, pois muitas vezes chama mais atenção que o foco principal do filme. Mas é uma delícia poder perambular por esses sets cinematográficos. Toda Paris parece um grande cenário e é uma honra uma parte da história da minha vida estar sendo rodada em um cenário tão encantador, mas estou falando da belíssima sétima arte. 




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Carnaval de Paris

Buscando comemorações carnavalescas nas proximidades, descobrimos um desfile tradicional em Paris. Os parisienses, e até mesmo moradores brasileiros, não tinham conhecimento da comemoração, e preferimos ir lá conferir de perto.


Não queríamos comparar o carnaval daqui com o carnaval brasileiro, pois no Brasil o carnaval é coisa "séria" e não uma grande brincadeira como deveria ser. Mas, quando se fala de carnaval, inevitavelmente, o brasileiro é a grande referência, e essa foi minha primeira impressão do desfile de carnaval francês.  Com direito a fantasias e desfiles tradicionais de alguns países, grande parte dos grupos fazia a festa ao som de ritmos brasileiros. Grupos de percussão tocando ritmos bem íntimos aos meus ouvidos, como samba, maracatu e até um pouco de funk carioca.

 



Até mesmo a propaganda do Carnaval deixava bem claro que ele era inspirado nos blocos de rua do Rio de Janeiro (que, por sua vez, são inspirados no carnaval de rua de Paris, que já acontecia desde a idade média). Dando uma pesquisada, descobri que a "passeata do boi gordo" é muito antiga e foi aqui que lançaram pela primeira vez Confetes e Serpentinas (que foram proibidos depois da Primeira Grande Guerra, por questões de economia).

É impressionante ver como, invariavelmente, a história do mundo, de um jeito ou de outro, passa por aqui. E como essa troca de cultura é positiva, uma festa que foi absorvida cultivada e com tanto amor pelos brasileiros e que agora os franceses se esforçam para trazer de volta. Aqui o carnaval é uma coisa nova, que voltou às ruas só em 2002, e que, como no Brasil, encanta os que vêem a folia passar. O bloco passar por diversos "bairros" da cidade, incluindo regiões de forte cultura estrangeira (como Beleville, tomado por asiáticos), e todos parecem gostar do ritmo hipnótico dos tambores, da força e da energia que emana deles.


Eles ainda têm muito o que aprender, os carros de som, por exemplo, têm uma qualidade sofrível. Mas acho que estão no caminho certo, talvez até mais certo que os brasileiros, porque aqui o carnaval é uma festa, e nada mais.